Monitoramento PIX: que cuidados os
pequenos negócios devem ter na gestão fiscal para evitar problemas com a
Receita Federal?
Mesmo com a suspensão das regras de
fiscalização do PIX, empreendedores devem manter boas práticas financeiras e
regularizar pendências para evitar problemas
Informações
falsas têm gerado preocupação entre microempreendedores individuais (MEIs) e
autônomos nos últimos dias, após a Receita Federal revogar uma norma sobre o
monitoramento de transações via PIX. Para esclarecer as principais dúvidas e
orientar pequenos negócios, o Brasil 61 reuniu informações sobre como manter a
gestão fiscal em dia e evitar problemas com o fisco.
O que
muda com a revogação da norma?
A norma
revogada determinava que transações a partir de R$ 5 mil realizadas por pessoas
físicas e de R$ 15 mil por pessoas jurídicas deveriam ser comunicadas
à Receita Federal. A legislação vigente já exige que bancos e cooperativas de
crédito comuniquem à Receita Federal as movimentações financeiras de seus
clientes. Os valores monitorados atualmente são a partir R$ 2 mil por mês para
pessoas físicas e de R$ 6 mil para empresas.
Monitoramento
do PIX: o que acontece após revogação do ato que ampliava fiscalização
Sandro
Miguel Júnior, especialista em Direito Tributário e membro do escritório
Ernesto Borges Advogados, ressalta que, após a revogação da instrução
normativa, foi editada uma medida provisória que proíbe a taxação e a cobrança
adicional em transações feitas por meio do PIX.
“O PIX acaba
equivalendo ao dinheiro em espécie, o que significa que nenhum imposto, taxa ou
contribuição pode incidir sobre seu uso. A medida provisória também garante
sigilo e segurança nas transações, além de instituir um canal para denúncias.
Outro ponto importante para os pequenos negócios é a proibição de cobranças
adicionais em operações realizadas via PIX, algo que está expressamente vedado
pela medida”, informa.
Pequenos
negócios
Alessandro
Schlomer, diretor financeiro e fundador da Potencer Soluções Corporativas,
destaca que pequenos empreendedores devem manter boas práticas financeiras e
garantir o cumprimento de suas obrigações fiscais.
"Pequenos
empreendedores devem ter clareza de que as receitas geradas pelos seus negócios
devem contemplar todas as obrigações fiscais. Eles não estão isentos dos
impostos atrelados por serem pequenos empreendedores, e isso acaba gerando
muita confusão, especialmente para quem trabalha na informalidade",
explica.
Em 2025, o
imposto mensal do MEI foi reajustado para R$ 75,90, correspondente a 5% do
salário mínimo. No caso do MEI caminhoneiro, o valor aumentou de R$ 169,44 para
R$ 182,16 (12% do salário mínimo).
Além do
pagamento mensal, o MEI tem a obrigação de emitir nota fiscal ao realizar
transações com pessoas jurídicas. Para vendas ou serviços prestados a pessoas
físicas, a emissão continua sendo opcional.
Desde
setembro de 2023, a emissão de notas fiscais eletrônicas pelos MEIs passou a
ser feita exclusivamente pelo sistema nacional, deixando de ser realizada pelos
sites das prefeituras.
Cristina
Helena Mello, professora e pesquisadora em Economia da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), explica que uma gestão fiscal adequada elimina
preocupações para os empreendedores. “Se você conta com o auxílio de um
profissional que orienta sobre questões tributárias, realiza o pagamento de
impostos corretamente, mantém a empresa legalizada, emite notas fiscais e faz
os registros necessários, não há motivo para preocupação.”
Mello ainda
destaca que, ao prestar serviços sem emitir nota fiscal, sem registros e sem
recolher impostos, o empreendedor atua fora da lei, mesmo que não esteja
cometendo um ato imoral. Nesse contexto, a melhor solução é abrir um MEI o
quanto antes e regularizar a situação.
A
especialista também pontua que a reforma tributária trará maior simplificação
para os processos fiscais, facilitando questões complexas relacionadas ao tipo
de produto ou localização. “Hoje, muitos contadores fazem enquadramentos
tributários de forma equivocada, o que exige cuidado. Com a reforma, haverá
mais facilidades, especialmente para o varejo, reduzindo a necessidade de
atenção a detalhes como esses.”
Inadimplência
e informalidade
No Brasil,
cerca de 40,3 milhões de trabalhadores estão na informalidade. Entre os 16,17
milhões de MEIs cadastrados, 6,78 milhões estão inadimplentes com impostos,
segundo os últimos dados divulgados em setembro de 2024, e têm até 31 de
janeiro para regularizar suas pendências no Simples Nacional, evitando a
exclusão do regime simplificado.
Os dados são
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria da
Receita Federal.
O governo
ressalta que trabalhadores informais e microempreendedores individuais
inadimplentes ficam excluídos dos benefícios oferecidos pela rede de proteção
social.
Os
benefícios são:
aposentadoria
por idade ou invalidez;
auxílio-doença;
salário-maternidade;
pensão por
morte;
auxílio
reclusão;
participação
em licitações.
#Economia #MEI
#Pix
Fonte: Nathália
Ramos Guimarães/Brasil 61
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil