
Fraude no INSS:
governo suspenderá descontos realizados por associações e sindicatos na folha
de pagamento
Veja como descobrir se há descontos
fraudulentos e como solicitar o ressarcimento. INSS fará plano para devolução
de valores descontados indevidamente
Em meio à
repercussão de informações sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), surgiram várias dúvidas dos beneficiários sobre como descobrir se há
descontos indevidos nos valores recebidos. O aposentado ou pensionista pode
fazer a verificação e, inclusive, pedir o ressarcimento.
Nesta
quinta-feira (24), o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU),
Vinicius Marques de Carvalho, anunciou que o governo federal
suspenderá, a partir dos contracheques de maio, todos os descontos mensais
realizados por associações e sindicatos diretamente na folha de pagamento de
aposentados e pensionistas do Instituto.
De acordo
com o ministro, parcelas que já tenham sido lançadas não serão repassadas às
entidades e deverão ser ressarcidas aos beneficiários no mês seguinte. Além da
suspensão, o INSS deverá apresentar um plano para devolver os valores cobrados
indevidamente — incluindo os cerca de R$ 2 bilhões que já foram bloqueados
durante operação deflagrada nesta semana.
Segundo o
especialista em direito previdenciário e mestre em direito das relações sociais
e trabalhistas, Washington Barbosa, inicialmente, para descobrir se teve algum
desconto indevido, o beneficiário deve acessar o Meu INSS, por meio do site ou
aplicativo, com uso de login e senha. Em seguida, clicar em “Extrato de
Pagamento”.
“No
contracheque vai ter o valor do benefício e, se for o caso, outros débitos.
Pode ter empréstimo consignado e pode ter esse débito de associação. Se o
beneficiário não autorizou esse débito, pode estar incluído na fraude. A
primeira ação a fazer é, por meio do próprio aplicativo, bloquear esses
débitos. Esse é o primeiro passo. Vamos estancar a sangria”, explica.
Já quanto à
recuperação do dinheiro desviado, é necessário entrar em contato direto pelo
0800, disponível ao lado do nome da entidade no seu contracheque, ou aguardar a
divulgação do plano de devolução dos valores, a ser elaborado pelo INSS.
Barbosa também reforça a importância de procurar um advogado para ter apoio
jurídico ao longo do processo de ressarcimento.
“Para que
ele entre no Poder Judiciário, ajuíze uma ação para pedir a devolução desses
valores. Certamente, ele vai pedir a devolução de todos os valores, vai pedir o
que a gente chama de repetição em débito, que é uma multa. É o valor em dobro.
E também deve pedir dano moral por toda essa situação”, pontua.
Vale
destacar a importância de fazer uma denúncia sobre descontos não autorizados de
associações ou entidades no Portal do Consumidor, localizado no endereço
eletrônico: www.consumidor.gov.br. Outra opção é a Ouvidoria do INSS,
por meio da Plataforma Fala BR, no site: falabr.cgu.gov.br/web/home.
Grupo
Especial
A
Advocacia-Geral da União (AGU) instituiu um Grupo Especial com o objetivo
buscar a reparação de danos causados pelas ações fraudulentas contra o INSS. A
equipe vai atuar na recuperação dos valores irregularmente descontados dos
aposentados e pensionistas vítimas da fraude.
O intuito,
entre outros pontos, é adotar medidas que ajudem a obter a reparação dos danos
patrimoniais causados pelas entidades investigadas pela Controladoria-Geral da
União e pela Polícia Federal, ao longo da operação “Sem Desconto”.
A estimativa
é de que o prejuízo causado pelos descontos indevidos de mensalidades
associativas nos benefícios chegue a R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024.
Fonte: Marquezan Araújo/Brasil 61